O caos anunciado

Edinho Araújo

O editorial de ontem do Diário da Região defende, com a propriedade habitual, a urgência na realização de obras de segurança nas rodovias que cortam Rio Preto. Tomemos o exemplo da Washington Luís. A qualquer hora do dia, transitar pela rodovia no trecho de 11 quilômetros entre São José do Rio Preto e Mirassol implica em riscos. O movimento intenso, com mais de 20 mil veículos/dia, tornou a rodovia uma imensa avenida, lenta e perigosa, entre as duas cidades. Há forte atividade comercial, industrial, e expansão imobiliária nas áreas marginais entre as duas cidades, cujo processo de conurbação acelera-se a cada dia. Com a duplicação da rodovia Euclides da Cunha (Mirassol a Rubinéia) aumenta o tráfego de caminhões pesados que cruzam a ponte Rodoferroviária, transportando a safra agrícola do Centro-Oeste. Com as obras de melhorias na Feliciano Sales Cunha (Mirassol a Ilha Solteira), somando-se ao trânsito pesado da BR-153 e ao fluxo intenso da Assis Chateaubriand, a tendência é que o movimento de veículos continue crescendo, transformando a Washington Luís num verdadeiro funil. Medidas urgentes se fazem necessárias. Levei ao governador Geraldo Alckmin (em 2011 e 2012) a minha preocupação com a infraestrutura rodoviária regional. Propus a imediata implantação de mais uma faixa de tráfego em cada sentido da Washington Luís, entre Rio Preto e Mirassol, e a iluminação de todo o trecho, além do início de estudos para a duplicação do trecho entre Mirassol e Monte Aprazível da rodovia Feliciano Sales Cunha. O trecho entre Mirassol e Rio Preto está na área de concessão da empresa Triângulo do Sol, cujas tarifas de pedágio são escandalosas (R$ 12,20 para carros de passeio em Catiguá, com cobrança nos dois sentidos). Considero essa intervenção prioridade máxima. Entendo ser perfeitamente possível investir na expansão de mais uma faixa de tráfego em cada sentido, como fazem outras concessionárias em trechos de rodovias paulistas, como a Bandeirantes, para ficar no exemplo mais visível.

A faixa pode ser implantada sem prejuízo de estudos de rotas alternativas, criando vias acessórias para o desafogo do trânsito entre as duas cidades. Em 2008, quando encerrei meu segundo mandato de prefeito, deixei pronto o projeto do Anel Viário, interligado as principais rodovias, que, se fosse levado adiante, teria ajudado a desafogar o trânsito em trechos hoje saturados. Ainda há tempo para retomar o projeto, com verbas estaduais e do programa de mobilidade do Governo Federal. É questão de prioridade. Estudos técnicos indicam que 80% dos caminhos rodoviários de São Paulo estão consolidados. São estradas estaduais em boas condições. Essas vias só precisam ser expandidas, melhoradas, iluminadas, pois grande parte delas corta áreas urbanas. Outro caso emblemático é o da BR-153, que se arrasta desde 2008, quando o trecho paulista da via foi concedido pelo governo federal. A duplicação dos 17,8 km na área urbana de Rio Preto está incluída no PAC 2 e há verba da bancada paulista de deputados provisionada no orçamento deste ano. No entanto, corremos, pelo segundo ano seguido, o risco real de perder a verba e a oportunidade de abrir licitação, diante das falhas apontadas pelo DNIT no projeto da Prefeitura de Rio Preto. Corrigir e atualizar o projeto deveria ser prioridade zero. Numa sociedade que, infelizmente, prioriza o transporte automotivo individual, medidas para segurança no trânsito precisam ser tomadas, para preservar vidas, sem perder de vista os investimentos indispensáveis na modernização e eficiência do transporte coletivo. O pior dos cenários será a inércia. As ações para enfrentar o caos anunciado são para já.

EDINHO ARAÚJO
Deputado federal – PMDB/SP

 

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